domingo, 20 de setembro de 2009

O Messias



«Quando me lembro de Ti, no meu leito,
passo vigílias a meditar em Ti,
pois Tu foste um socorro para mim,
e, à sombra das Tuas asas, eu grito de alegria!»

Salmo 63:7,8



O Guru (chefe religioso indiano) que se encontrava a meditar na sua cova do Himalaia, abriu os olhos e descobriu, sentado na sua frente, um inesperado visitante: o abade de um célebre mosteiro.
«Que desejas?» - perguntou-lhe o Guru.
O abade contou-lhe então uma triste história: Noutros tempos, o seu mosteiro tinha sido famoso em todo o mundo ocidental; as suas celas estavam cheias de jovens noviços, e na sua igreja ressoava o harmonioso canto dos seus monges. Mas tinham chegado maus tempos: o povo já não acudia ao mosteiro em busca de alimento para o seu espírito; a avalancha de jovens candidatos havia cessado e a igreja achava-se silenciosa. Só restavam uns poucos de monges, que cumpriam triste e rotineiramente as suas obrigações. O que o abade queria saber era o seguinte:
«Teremos cometido algum pecado, para que o mosteiro se veja nesta situação?»

«Sim» - respondeu o Guru - «um pecado de ignorância».
«E que pecado foi esse?»
«Um de vós é O Messias disfarçado e vós não sabeis». E dito isto, o Guru fechou os olhos e voltou à sua meditação.

Durante a penosa viagem de regresso ao seu mosteiro, o abade sentia como o seu coração palpitava ao pensar que O Messias, o mesmíssimo Messias, tinha voltado à Terra e tinha ido parar precisamente ao seu mosteiro! Como não tinha ele sido capaz de o reconhecer? E quem poderia ser? Acaso o irmão cozinheiro? O irmão sacristão? O irmão administrador? Ou seria ele, o irmão prior? Não, ele não! Por desgraça, ele tinha demasiados defeitos...

Mas a verdade é que o Guru tinha falado de um Messias «disfarçado». Não seriam aqueles defeitos parte do seu disfarce?...
Bem visto, todos no mosteiro tinham defeitos... e um deles tinha que ser O Messias!
Quando chegou ao mosteiro, reuniu os monges e contou-lhes o que tinha averiguado. Os monges olhavam incrédulos uns para os outros: O Messias... aqui? Inacreditável! Claro que, se estava disfarçado... então, talvez... Poderia ser fulano...? Sicrano...? ou Beltrano...?
Uma coisa era certa: se O Messias estava ali disfarçado, não era provável que o pudessem reconhecer. De modo que começaram todos a tratar-se bem, com respeito e consideração.
«Nunca se sabe!» - pensava cada um para si, quando tratava com outro monge. «Talvez seja este...»


O resultado foi que o mosteiro recuperou o seu antigo ambiente de harmonia e alegria transbordante. Depressa voltaram a acudir dezenas de candidatos a pedir para serem admitidos na Ordem, e na igreja voltou a ouvir-se o canto jubiloso dos monges, radiantes do espírito de Amor.





Falripas de Meditação – Volume 2

Luis – 2002-11-16

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