quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Máquina conquista terreno na colheita de azeitona


«Azeitona/tenta tanto a passarada/vêm nuvens do estrangeiro/voando ligeiro/de pena riscada» (in Moda Alentejana: «Levantou-se o Povo inteiro) - Luis


A colheita de azeitona, que se faz por esta altura do ano, está cada vez mais mecanizada. A força do Homem está a ser substituída nas três principais regiões produtoras de azeitona do país, Trás-os-Montes, Alentejo e Beira Interior, por braços metálicos. A máquina faz num dia o trabalho de 20 pessoas. No entanto, há ainda quem resista à tecnologia e dê primazia ao método tradicional.
Café Portugal terça-feira, 10 de Novembro de 2009


O campo coberto de lonas e o restolhar das varas que fazem cair as azeitonas é um cenário cada vez mais raro nos olivais portugueses. De Norte a Sul do país o trabalho do Homem está a ser substituído pelas máquinas na apanha da azeitona. A falta de mão-de-obra e os custos a ela associados estão na origem desta mudança. Uma máquina vibradora multi-direccional faz, num dia, o mesmo trabalho de 20 pessoas.

O presidente da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD), António Branco, considera que o olival da região está 50% mecanizado, sendo a outra metade trabalhada ainda de modo tradicional. O mesmo responsável explica que «os métodos tradicionais de tratamento foram ultrapassados e que, os novos olivais, já obedecem a uma métrica sete por sete e uma poda diferente que permite aumentar a mecanização do sector olivícola transmontano».

O equilíbrio entre Homem e máquinas verifica-se também no Alentejo. Aqui nos «cerca de 165 mil hectares de olival» que se estima existirem na região, «há muita colheita mista, com máquinas e trabalhadores», comenta Henrique Herculano, do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL).

O mês de Novembro é também sinónimo de férias para quem vive nas zonas urbanas. Por estes dias, há muita gente que ruma para o interior, de onde é original, para participar na colheita da azeitona que os familiares ainda possuem. Manuel Pires, carteiro em Lisboa, é um exemplo. Todos os anos parte para Malpica do Tejo, em Castelo Branco, onde se juntam com os demais familiares. Numa propriedade que engloba 200 oliveiras, cinco membros da família de Manuel Pires reúnem-se manhã cedo e estendem os panais, coberturas que rodeiam as oliveiras, onde caiem as azeitonas. «Há quem use máquinas, nós ainda fazemos tudo manualmente», conta Maria Sena, a proprietária do olival. Com os escadotes, cada qual vai atirando ao chão as azeitonas, sendo que «cada oliveira ocupa meia-hora a 45 minutos».

«Esta ainda é uma fonte de rendimento importante», diz Maria Sena.

Igual situação vive, no Alentejo, Francisco Manuel, que «vareja» oliveiras desde os «16, 17 anos». Francisco admite a dureza do ofício, mas confessa que é ainda o ganha-pão da família.




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