quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A Sexualidade aos Setenta e Sete Anos


Ela tem 77 anos, e sempre traz assuntos interessantes em nossos encontros. Acometida de uma severa depressão, estamos realizando juntos uma jornada de recuperação de valores e estabelecimento de novas metas, que possam reorganizar sua mente e determinar caminhos menos estreitos para sua existencialidade. Nesse último encontro, disse constrangida que está ficando muito excitada, seu marido não lhe dá atenção, nem mesmo a toca com carinho, sexo nem pensar.

E ela confidenciou que em sua solidão e desejos, surge a imagem de seu primeiro namorado: conheci-o quando tinha 15 anos, ele era muito lindo, gostava de mim, chegamos a namorar, lógico que à distância, como era o costume da época. No entanto, a família dele, muito rica, preferiu que ele se casasse com outra moça da cidade, também rica, e eu fiquei muito triste, guardando meu sentimento por ele. E nem me lembrava mais disso, até que esse fogo começou a queimar em meu corpo, trazendo-me sensações estranhas numa mulher da minha idade.

E agora, à noite, ele me vem na imaginação e eu fico feliz com essa lembrança e sinto como que se passeássemos de mãos dadas pelas alamedas de nossa cidade, como jovens enamorados. Isso me conforta, me acalma e me deixa feliz.

Ouvi atento e considerei que isso pode ser natural, tanto sua sensação como a desatenção do marido, um e outro estão em caminhos paralelos, sentindo o corpo e a vida de maneira totalmente diferenciada. Reconsiderei que as sensações não podem ser consideradas estranhas, não... Afinal, o corpo é um instrumento da alma e enquanto a alma consegue produzir sensações, o corpo atende prontamente.

Sugeri que ela procurasse envolver o marido, motivá-lo para outras atitudes e desejos. Ela retrucou que tinha feito de tudo que sabia e imaginava e nenhum resultado obteve. Pois bem, aí está uma situação interessante para nossa reflexão.

Sinceramente, não sou apologista do adultério, incentivando pessoas a procurar fora de casa experiências de afectividade que não encontram com a pessoa que escolheu para viver um relacionamento.

Nem tampouco, entendo que "se possuir" possa ser uma saída para a exploração dessa energia que surge de sua intimidade, até porque, no caso em pauta, a idade de minha cliente e seus padrões não permitiriam essa iniciativa.

Então, expliquei em detalhes sobre a energia sexual e o quanto essa energia é divina; pouco se sabe dessa energia e pouco se aproveita dela. Na verdade, não é uma energia que serve apenas para a procriação ou prazer num simples relacionamento. Trata-se de uma energia que deus depositou no ser humano, para que ele pudesse ter atitudes divinas. Ainda quando o ser humano tinha conhecimentos rudimentares de si mesmo, a energia sexual era apenas o instrumento de procriação, mas com o avanço da inteligência humana, hoje entendemos que essa energia serve para muito mais, ela nos proporciona um estado de criatividade, de afectividade, de identificação com Deus e pode trazer para a criatura que a libera, balsamizando-lhe o fluxo com pensamentos, imaginações e vontade de transformar numa alavanca para que se possa realizar obras de arte e acções de magnitude, na sociedade. É isso, um homem e uma mulher podem, com o desabrochar e direcionamento dessa energia, edificar atitudes belíssimas na vida.

Pois bem, a lembrança que minha cliente tem do rapaz nada tem de sujo nem de pecado. É apenas uma lembrança e com tanto carinho que certamente onde esse homem estiver será envolvido por uma boa energia, enquanto ela nesse devaneio puro e sincero redireciona sua energia, transformando-a em uma fonte de alegria e paz.


por Wilson Francisco - Terapeuta Holístico, escritor e médium espírita. Desenvolve o Projecto Mutação, um processo em que faz a leitura da alma da criatura e investigação do seu Universo, para facilitar projectos, sonhos e decisões, descobrindo bloqueios, deformidades e medos que são reprogramados energeticamente.


Sem comentários:

Enviar um comentário