O silêncio leva em si a Tua voz,
como o ninho a música
de suas aves adormecidas!
Madeiro às costas, lá sobe
a ladeira do destino;
Seu peito é nave rangendo...
E o Seu coração, como um sino,
soa lá dentro batendo!
Como os Seus passos, no chão,
lembra o som das tempestades
O bater do Seu coração...
Madeiro às costas, lá trepa,
lutando contra a subida
e os abismos a vencer;
mais do que o peso da vida
- mais do que a dor de a não ter! -
Lhe pesa a dura indiferença
de quem passa sem O ver!
A Seu lado sobem outros,
num cortejo singular:
cruz aos ombros; e nos peitos
onde há noites sem luar
e que são naves rangendo,
ouvem-se sinos a dobrar...
Corações que vão batendo!
E os sinos que vão dobrando
choram a luz que anda ausente
dos peitos que vão trepando...
Sobe mais... e a dura carga
fere-Lhe os ombros dormentes:
Tem sede, - que sede imensa! -
de água pura das nascentes,
da Verdade, e da presença
dos dias que já passaram
com Seus sonhos inocentes
que, como as fontes, secaram!
A Seu lado vão subindo
outros vultos desolados:
sob o vento do Destino
são como vimes dobrados...
E em cada peito rangendo,
O Seu coração, como um sino,
lá vai dobrando a finados,
lá vai subindo e batendo!...
Enche-Lhe o Sol o caminho
e a Terra, farta, sorri...
Que importa?
Foge-Lhe tudo...
e é noite dentro de Si!
Falripas de Meditação - Volume 3
Luis - 2002-12-02
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