quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Celina Pereira uma Cabo-Verdiana merecedora de um nosso grande respeito

Já a conhecíamos e por uma ou outra vez a tínhamos apreciado, no seu inconfundível talento. Hoje, sem o esperamos, tivemos o prazer de a conhecer pessoalmente e, queremos deixá-lo aqui bem expresso, se o seu talento nos tinha surpreendido, a sua simplicidade ultrapassou todas as nossas expectativas. Ficámos amigos e estamos certos que este foi só o início de uma longa amizade, pela inconfundível linha de acção que nos une. Obrigado Celina.
Agora, dêm uma olhada a estes apontamentos que entretanto recolhi.


PRESERVAR A TRADIÇÃO NUM MUNDO EM MUDANÇA
A cantora Celina Pereira fala da tradição, da cultura, da música dos hábitos da terra que lhe viu nascer: Cabo Verde. Em Portugal onde reside há 34 anos, recria as tradições antigas da sua terra, reinventando histórias para adultos e crianças. Na sua opinião "esta é uma tradição que se estava a perder que é preciso preservar".
Em termos musicais considera que "perderam-se muitos géneros de que neste momento já só há memória em termos pontuais". É o caso da galope que é um ritmo de que neste momento não se conhece e o seu conteúdo, embora se saiba qual é o seu ritmo. A contradança, outra forma musical, de origem bretã, que junta música, dança e canto corre também o risco de desaparecer por completo se não for preservada. Esta forma musical só é praticada na ilha de S. Antão. O novo trabalho de Celina Pereira a ser lançado em Portugal trata-se de um album-livro ilustrado, acompanhado de um CD.
Foi pensado para ser utilizado na área da educação intercultural, onde a cantora e contadora de história está ligada fazendo parte do projecto intercultural em várias escolas onde estudam muitas crianças de origem africana. Ela não está apenas preocupada com os alunos provenientes ou de origem cabo verdiana. O livro álbum contém textos da sua autoria e a adaptação de dois contos de África, dos quais um é de Cabo Verde. Começa com histórias e termina com uma serenata. As cantigas são cantadas por crianças.
A edição do álbum está a cago de uma editora italiana e os contos foram ilustrado por uma italiana. Para além do lado lúdico do álbum, pode servir como guia de estudantes e educadores que queiram aprofundar alguns aspecto relacionados com a tradição oral de Cabo Verde. É uma grande perda para o património cultural de Cabo Verde e da humanidade se estas tradições não forem salvaguardadas. As recolhas de contos, das adivinhas e ditos populares foram iniciadas em Cabo Verde, tendo como a primeira fonte de informação a mãe. Depois acabou por estender a sua pesquisa vários países onde vivem e trabalham comunidades de Cabo Verde.
Este trabalho começou por curiosidade, por sentir necessidade de conhecer melhor alguns aspectos da cultura das ilhas. Esta pesquisa tem possibilitado Celina Pereira viajar por alguns países europeus onde há uma grande preocupação sobre as tradições orais de outros países como é o caso da Alemanha, Estados Unidos da América onde esteve a convite dos professores do programa de educação bilingue. Para registar toda a informação que vai ouvindo usa um gravador de micro-cassetes para gravar os contos, as adivinhas populares, os ditos populares e as diversas músicas da tradição oral que correm o risco de se perderem com o passar do tempo. É uma grande perda para o património cultural de Cabo Verde e da humanidade se estas tradições não forem salvaguardadas.
A mensagem tende a ser universal O seu primeiro trabalho de recuperação da memória das tradições orais foi reconhecido em Itália onde recebeu o seu primeiro prémio internacional, em 1991. Porém, a cantora e contadora de histórias revela uma certa mágoa pelo facto de não ter sido convidada para participar em festivais ou eventos culturais em Cabo Verde, o que lhe dava imensa alegria. Outras dificuldade com as quais tem de lidar é a falta de financiamentos e alguns problemas de ordem burocrática. Apesar de tudo a sua agenda continua com pelo menos três actividades previstas até Setembro de 2004. Em suma, a sua mensagem tende a ser universal.
Embora não seja antropóloga, a cantora considera ser esta vertente que lhe possibilita conhecer e divulgar melhor as origens das tradições orais de Cabo Verde que sempre a fascinaram e a fascinam. Celina Pereira está preocupada com o lado pedagógico e, ao mesmo tempo, pretende atingir um público mais vasto. Na opinião de Celina Pereira, "um contador de histórias não é só um narrador, tem de ser um actor." Para o efeito, tem de ter em conta que uma história engloba uma linguagem facial e gestual.

ESTÓRIA, ESTÓRIA RECUPERA HISTÓRIAS E JOGOS DE RODA CABO-VERDIANOS
A cantora cabo-verdiana Celina Pereira assina Estória, Estória… do Tambor a Blimundo, um áudio-livro que pretende recuperar o património expressivo das histórias e jogos de roda tradicionais africanos.
O livro, ilustrado com os apelativos desenhos da italiana Cláudia Melotti, contém textos da autoria de Celina Pereira bem como a adaptação de dois contos de África, dos quais um é de Cabo Verde.
O CD complementa o livro numa «versão falada» dos jogos e cantigas de roda, que entrelaçam as várias culturas e surgem escritos em português, italiano, inglês e crioulo.
As cantigas, cantadas por crianças, abrem a passagem à leitura dos contos e textos. O disco termina com uma serenata composta por mornas cabo-verdianas interpretadas pela própria autora do livro.
A obra, um instrumento pedagógico e lúdico, foi apresentada no passado dia 6 de Janeiro na sede do Instituto Camões. A voz das crianças e da autora Celina Pereira coloriram o lançamento de Estoria, Estoria... O evento contou com uma apresentação da obra feita por Celeste Correia e com o apoio do Instituto Camões, da IPSS, TABANKA ONLUS.

«Cantos e Contos», nas Escolas

Um novo trabalho de Celina Pereira, a mesclar música e contos tradicionais, foi lançado quinta-feira, dia 6, em Lisboa. Anunciado já no ano passado por "P14", trata-se de um audiolivro para o público infantil em que a cantora e educadora propõe "O Tambor", conto tradicional presente em vários países africanos, e a história bastante conhecida em Cabo Verde do boi Blimundo, que já incluíra num disco anterior, para além de alguns temas cantados, em que se incluem composições de Jotamonte e Eugénio Tavares.
Paralelamente ao seu trabalho em palco e estúdio, Celina Pereira alinha, desde há alguns anos, com a filosofia do pedagogo e violinista Yehudi Menuhin, que propunha combater a agressividade nas crianças através das artes. Assim, percorre escolas em Portugal - em particular aquelas em que as diferentes origens dos alunos tendem a gerar conflitos - contando histórias tradicionais e ensinando cantigas como forma de levar as crianças a conviver bem com as diferenças culturais.
O novo trabalho, com direcção artística de Zé Afonso e a participação de um coro de crianças, insere-se nesse contexto. Contou com a colaboração da ilustradora italiana Cláudia Melotti, que compôs para o livro um visual colorido e alegre, como se vê pelo detalhe da capa que reproduzimos.
Foi em 1990, com o LP Estória, Estória... No Arquipélago das Maravilhas, de 1990, que Celina Pereira deu a conhecer em disco o seu lado de contadora de histórias, num trabalho que contou com a cumplicidade de Paulino Vieira. Reeditado mais tarde em CD e em formato audiolivro (livro/cassete), esta obra trouxe vários prémios à cantora, na Itália, em Portugal e nos EUA, onde, no estado do Massachussets, veio a ser utilizado no ensino bilingue. "Através deste disco, fui parar à educação multicultural", afirma.
Pelo seu trabalho na área da educação e da cultura cabo-verdiana, Celina Pereira, foi condecorada, em 2003, com a medalha de mérito - grau comendadora - pelo presidente português, Jorge Sampaio.
«Sarawy» - interpretado por Celina Pereira, com letra da autoria de A. Rui Machado. A história de Cabo Verde e da sua solidariedade com outros povos. Música do CD «Música de Intervenção Cabo-Verdiana», de Alberto Rui Machado
«Entre Mornas e Fados» - Celina Pereira no espectáculo de celebração da Cidade Velha Património Nacional, com Bana - 24 Julho, 2009 em S. Jorge

«Blimundo» - com Vilma Vieira. No espectáculo «Entre Mornas e Fados», num tema prinipal de «Contos e Contos» e dos Áudio-Livros «Estória, Estória»

Poderão ver mais Fotos e Vídeos desta singular cantora e contadora de Contos em:
A terminar, só mais um «rebuçadinho...ora veja e ouça a seguir..
Canção ao Mar com Duarte





2 comentários:

  1. Foi muito bom ter conhecido pessoalmente CELINA PEREIRA. Um Bem-Haja a esta personagem que tem desenvolvido um excelente trabalho em prol da cultura, não só de Caba Verde, sua Terra Natal, mas também de África.Exemplo a seguir tendo como sentimento natural a preocupação de não perdermos tradições e estórias que se podem considerar veradeiros tesouros.

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  2. Seria bom que conseguíssemos juntá-la à nossa «alma» Alentejana. São pessoas como esta que valorizam o nosso futuro.

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