terça-feira, 27 de outubro de 2009

Jesus !


Jesus !

- Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas ? –
Evangelho segundo S. João, versículo 10




Ó Divino Jesus crucificado
símbolo do martírio Redentor,
pelos homens cegamente desprezado
na Santa Lei do mais fraterno amor.

Sempre que o meu olhar Te vê, Senhor !
meu peito fica logo iluminado,
e sinto a minha fé com mais ardor
e todo o meu amor transfigurado.

Quer estejas em rica Catedral
pintado numa tela toda igual
ou pregado em modesta cruz;

Serás sempre aquele Astro puro e lindo
que eu a custo e de longe vou seguindo
na esperança de encontrar a Tua luz!



Luis – 2001-01-21

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Casa do Alentejo de Toronto celebrou bodas de prata



A Casa do Alentejo de Toronto, no Canadá, completou no passado dia 20 (quarta-feira), 25 anos de existência, num ano que marca a entrada de dirigentes jovens na associação.

“Uma açorda, feita em Janeiro de 1983 e saboreada por cerca de 300 alentejanos (residentes na região de Toronto)” foi o que esteve na origem desta colectividade, recordou Maria Lúcia Viegas, em declarações à Lusa.

Segundo esta sócia da "casa" há 24 anos, após aquela confraternização, as pessoas unidas pela identidade regional alentejana, decidiram, a 20 de Fevereiro de 1983, fundar a Casa do Alentejo de Toronto. Agora, 25 anos volvidos e com os olhos postos no futuro, a associação elegeu este ano órgãos sociais notoriamente jovens, tendo como nova presidente executiva, Stephanie Fidalgo, de 24 anos, acompanhada na direcção por mais segundas gerações.

“Muitos dos jovens que fazem parte da nova direcção já vinham à Casa do Alentejo quando estavam na barriga das mães”, gracejou Maria Lúcia Viegas.

Essas ligações precoces foram essenciais para o envolvimento dos jovens na associação, reconheceu.“Tivemos de os incutir, de trazê-los para aqui e de criar actividades para eles (jovens)", sublinhou a mesma sócia. O percurso realizado e a adesão dos jovens fazem com que se olhe para o futuro com um “grande à-vontade”, afirmou.

Todos eles [jovens dirigentes] falam português e inglês”, acrescentou, com orgulho. O rejuvenescimento dos dirigentes e, em particular, a escolha uma mulher para líder, foram enaltecidos pelo Embaixador de Portugal no Canadá, João Pedro da Silveira Carvalho, no discurso que proferiu no jantar comemorativo dos 25 anos, quarta-feira à noite.

“É um muito bom sinal da evolução da Comunidade e para a continuidade da existência da Casa do Alentejo que a presidente seja uma mulher jovem. Significa que os segmentos da nossa Comunidade que têm estado mais relutantes a assumir funções de responsabilidade no movimento associativo e nas direcções das associações estão a ganhar protagonismo e isso é bom para a imagem dos Portugueses no Canadá", realçou.

No evento esteve igualmente presente a Cônsul Geral de Portugal em Toronto, Maria Amélia Paiva, assim como outros convidados. Actualmente, com “301 sócios que pagam quotas”, a Casa do Alentejo de Toronto congrega alentejanos, portugueses de várias regiões de Portugal e também estrangeiros. Questionada pela Lusa acerca de uma estimativa do número de alentejanos e seus descendentes na região da Grande Toronto, Maria Lúcia Viegas adiantou que “são muitos, mas não sabemos números certos”.

Nos estatutos da Casa do Alentejo de Toronto consta a missão de “fazer um censo aos alentejanos” que residem na área da Grande Toronto, informou a mesma fonte, lamentando que tal ainda não tenha sido possível de concretizar.


Doze horas de avião separam Portugal do Canadá. Um país que recebeu, e recebe, ainda nos dias de hoje, muitos dos portugueses que partiram em busca de uma vida melhor. Mesmo longe da terra que os viu nascer, e com Portugal no coração, a comunidade portuguesa que vive no lado de lá do Atlântico, não esquece as suas raízes.

A Casa do Alentejo de Toronto é prova disso. Prova de que estas gentes não só não esquecem as tradições, como desenvolvem um trabalho contínuo para que estas se mantenham vivas, num país cuja cultura e essência em nada se assemelha a Portugal.

Foram as mesmas doze horas de avião que percorreram Dulce Guerreiro, representante do Município de Castro Verde, a ceramista Vanda Palma, e o escritor e dramaturgo José Luís Peixoto, da comitiva do concelho de Castro Verde, para participarem nas comemorações do 25º Aniversário da Casa do Alentejo de Toronto, que decorreram de 14 a 18 de Outubro, no âmbito da XXV Semana Cultural Alentejana.

Para celebrar esta data marcante, a Casa do Alentejo de Toronto organizou para os seus sócios, um conjunto alargado de iniciativas, como espectáculos musicais com a participação de ranchos folclóricos, grupos corais e de fadistas, várias exposições, mostras de produtos tradicionais do Alentejo, demonstrações e oficinas de artesanato, conversas, palestras e apresentação de livros, que decorreram sempre entre uma outra iguaria da gastronomia alentejana.

O concelho de Castro Verde foi apresentado através do recém-editado filme “Terra de Futuro”, e da venda de artesanato regional e de algumas publicações da autarquia.

As bodas de prata da Casa do Alentejo prosseguem até ao próximo sábado, 31 de Outubro, dia em que decorre o jantar de gala e um espectáculo que contará com a presença de Minah Jardim e António Pinto Basto.
Ora veja nos Links que se seguem algumas das actividades da Casa do Alentejo em Toronto:
Semana Cultural Alentejana - #1 - Oct24
06:29 - Há 4 dias youtube.com
Algumas imagens da XXV Semana Cultural da Casa do Alentejo de Toronto. www.gentetv.com
youtube.com

A Minha Aldeia e Todo o Mundo 1
05:42 - Há 3 meses youtube.com
Ver este vídeo em youtube.com

Aeroporto de Beja operacional daqui a três meses



A ANA Aeroportos de Portugal estima que o aeroporto de Beja poderá estar operacional daqui a três a quatro meses.


Em declarações à Agência Lusa, o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo, Ceia da Silva, afirmou que de acordo com responsáveis da ANA após o fim das obras, prevista para final de Outubro, “é uma questão de três a quatro meses para que o aeroporto de Beja possa estar operacional”.


O responsável falava em Beja, no final de uma reunião para debater aeroporto alentejano que contou com a presença de representantes da ANA.

Os Três Amigos



No encadeamento da vida todos somos
devedores e credores.
Rectifica-te em primeiro lugar,
para que saibas
vir a calar-te ante os erros alheios...


Um homem tinha três amigos: o dinheiro, sua mulher e os seus actos.

Estando próximo da morte, mandou chamar os três amigos para lhes dar o seu último adeus. E, então, disse ao primeiro:
- Adeus, amigo, vou morrer.
O amigo respondeu-lhe:
- Quando estiveres morto, mandarei acender uma vela pelo descanso da tua alma.
Disse, depois, ao segundo amigo:
- Vou morrer, adeus.
E o amigo falou:
- Quando morreres acompanharei teu corpo ao cemitério.
Finalmente, chegou o terceiro:
- Vou morrer. Adeus.
E o terceiro amigo disse-lhe:
- Não digas adeus, porque estarei sempre contigo. Se viveres, viverei; e, se morreres, eu te acompanharei da mesma forma.

E, de facto, o homem morreu. O dinheiro, lhe acendeu uma vela; a sua mulher acompanhou o caixão até ao cemitério; as boas acções, que o acompanharam durante a vida toda, lhe abriram o caminho para a felicidade eterna.


Conto ou Realidade?

Luis – 2002-11-20

O Meu Deus Dorme Em Qualquer Lado...

O Meu Deus Dorme Em Qualquer Lado....




Ao meu Deus nunca chegam as palavras...


Quando vejo brilhar estrelas no céu
os meus olhos ficam cheios de lágrimas,
o meu coração envolve-se num véu !

É quando os meus dedos
se elevam espectrais
não tendo, eu sei,
o valor das catedrais...

Mas são qual vela branca
em barco navegando
sobre mar proceloso
em vão tentando,
abrir caminho a custo
até ás estrelas,
de Ti cioso...

Talvez por encontrar
sinais da Tua voz,
sem pensar ou ver
que longe e perto
Te encontras
nunca nos deixando sós...

Nas areias do deserto,
na selva africana,
no igloo dos esquimós
ou ainda adormecido...
dentro de nós !...





Falripas do Meu Deus – Volume 2

Luis – 2003-12-09

domingo, 25 de outubro de 2009

Noite de Saudade...


A Noite vem poisando devagar

Sobre a Terra, que inunda de amargura...

E nem sequer a bênção do luar

A quis tornar divinamente pura...


Ninguém vem atrás dela a acompanhar

A sua dor que é cheia de tortura...

E eu oiço a Noite imensa soluçar!

E eu oiço soluçar a Noite escura!


Porque és assim tão escura, assim tão triste?!

É que, talvez, ó Noite, em ti existe

Uma saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu sei donde me vem...


Talvez de ti, ó Noite!...

Ou de ninguém!...

Que eu nunca sei quem sou,

nem o que tenho!!


Florbela Espanca

sábado, 24 de outubro de 2009

OLhar Para dentro


Um dos maiores desafios no caminho do autoconhecimento é aprender a olhar para dentro. Geralmente, costumamos procurar a raiz de nossos problemas e dificuldades no mundo exterior. O outro, as circunstâncias de nossa vida, o destino, são sempre, a nosso ver, os causadores de nossas derrotas, medos e angústias.

Ao iniciarmos a busca pela origem de nossos problemas, é fundamental que aprendamos a exercitar a auto-observação, um foco permanente na forma como reagimos ao mundo e às pessoas. Quanto mais dependente do exterior for o nosso equilíbrio, mais difícil nos será libertarmo-nos de nossas aflições. O teste é simples: basta, a cada momento, observar como reagimos às opiniões e atitudes dos outros para conosco, ou aos acontecimentos que contrariam a nossa vontade. Se ruminarmos por horas, ou até mesmo dias, aquilo que nos desagradou, ofendeu, magoou, estaremos alimentando cada vez mais o ego, a parte de nosso ser que precisa de aprovação, atenção e incentivos permanentes para poder ser feliz. Observar os sentimentos e as emoções é apenas o primeiro passo. Quanto mais fundo formos nesse mergulho e encararmos nossas dificuldades com coragem, entendendo que elas são fruto de toda uma vida de condicionamento imposto a nós pelo mundo exterior, mais rapidamente entraremos em contato com nosso Self (nós mesmo). Ele constitui a dimensão mais elevada do ser humano, a conexão directa com o divino poder criador, que sempre esteve presente e sempre estará em nós, independentemente da forma física que assumirmos, pois a sua natureza é eterna. Reencontrá-lo é uma bênção, uma dádiva que está ao alcance de todos, desde que estejam dispostos a vencer o medo da viagem. Um famoso ditado Sufi diz: aquele que conhece os outros, é erudito; aquele que conhece a si é sábio.

Ser erudito é fácil, para ser sábio tem que se ter vísceras, coragem. Porquê? Porque é que no mundo é preciso ser-se corajoso para conhecer-se a si mesmo? Existem razões. A primeira razão é: existe um medo de que se você mergulhar em si mesmo, poderá não encontrar alguém lá... E de certa maneira este medo está certo. Você não vai mesmo encontrar alguém lá. Esta apreensão está certa. ... Alguma coisa vai ser encontrada lá, mas é algo que não se define, é algo que não se expressa em palavras. E este algo não é uma posse sua ; este algo é tanto seu quanto é de todo mundo. Você encontrará algo, mas será o centro universal. Você não encontrará qualquer indivíduo lá, nenhum ego será encontrado. Por isto, o medo. Você irá desaparecer. No autoconhecimento você irá desaparecer completamente. Por isto as pessoas conversam a respeito dele, perguntam a respeito dele, lêem livros a respeito, mas nunca entram. Um medo inconsciente impede seu caminho. ...

Quem sabe no que você vai tropeçar quando mergulhar em si? Pesadelos, monstros... Quem sabe o que está lá dentro? Porquê abrir a caixa de Pandora? Mantenha-a firmemente fechada e sente-se em cima. Isto é o que todo mundo está fazendo. E, sob certo sentido, o medo está certo - mas somente sob certo sentido.

Ao princípio você encontrará baratas, rinocerontes, répteis e todo tipo de coisas horríveis - porque estas são as coisas que você esteve reprimindo em si mesmo, estas são as coisas que você não permitiu. Você reprimiu a raiva, o ciúme, a possessividade, o ódio. Você reprimiu a violência e o assassinato. Todas estas coisas estão ali. Esta é a barata que está dentro de você. A violência tornou-se uma perna, a possessividade tornou-se outra e o ciúme uma outra mais...

Quando mergulhar dentro de si, você terá que encarar tudo isto. Naturalmente, esta não é toda a sua história. Se você puder encarar a barata, se você puder ir cada vez mais fundo, sem qualquer medo, e observar tudo o que estiver acontecendo, e lembrando-se que ‘eu sou apenas um observador, uma testemunha a tudo isto. Eu não posso ser a barata porque eu posso ver’... o que você consegue ver não é você. Guarde isto como uma chave, uma lembrança constante: tudo o que você vê, não é você. Você vê a raiva? Então você não é ela. Você vê a fome? Então você não é ela. Você vê a sexualidade? Então você não é ela. Você é aquele que testemunha tudo isto. Lembre-se da testemunha e, pouco a pouco, todas as baratas desaparecerão, assim como todos os rinocerontes e tudo o mais que é feio.O testemunhar é um fenómeno tamanho que dissolve tudo o que é feio. Pouco a pouco, somente a testemunha permanece. Mas esta testemunha não será você; ela é Deus. Esta testemunha não pode ser confinada em um Eu - ela é o puro ser.

Existem duas inscrições gravadas no templo de Apolo em Delfos: Conheça-se a si mesmo’ e ‘Nada em excesso’. Há uma relação entre estas citações. O homem era aconselhado a conhecer-se a si mesmo, e no seu conhecer ele deveria evitar extremos. Quais são os extremos? Dois são os extremos: o inferno e o céu, as baratas feias e as lindas borboletas. Você tem que permanecer uma testemunha de ambas. Você não é nem a barata nem a borboleta com cores psicadélicas. Nem isto nem aquilo. Você é apenas o observador, o espelho que reflecte a barata e que reflecte a borboleta. De acordo com os sacerdotes de Delfos, um extremo era a tentativa de ir além de sua finitude, agir como se fosse infinito. Isto acontece. Se você olhar para dentro, ou começa a sentir que é alguma coisa como uma criatura do inferno, ou começa a sentir que você é um anjo, uma criatura celestial. Mas em ambos os casos você novamente criou um ego. Evite os extremos, porque o ego consegue existir apenas com os extremos. Ele morre no meio. O meio dourado é a sepultura do ego.... de vez em quando é bom descansar por uns dias num retiro nas montanhas, só para um descanso, mas você tem que voltar para o mundo. Sim, é bom meditar por algumas horas, mas depois você tem que voltar para o mundo. ...Não comece a pensar que você está separado, porque o autoconhecimento não pode ser alcançado na separação. Ele é alcançado na união. E a união mais íntima possível é com outra pessoa. Como pode você estar em comunhão com as árvores se você não consegue estar em comunhão com pessoas? Como você pode estar em comunhão com as pedras se você não consegue estar em comunhão nem mesmo com seu amado ou sua amada? Isto é absurdo! Toda esta idéia é absurda. ... Eu tenho visto pessoas vivendo anos e anos nas montanhas.....elas podem viver num silêncio, mas o silêncio será das montanhas, não é uma realização delas. A não ser que você consiga viver o silêncio na praça do mercado, ele não será uma realização sua. Ao retornar do Himalaia você, de repente, ficará chocado, pois continuará sendo a mesma pessoa que era antes de ter ido para lá, talvez você esteja até pior. Você não será capaz de tolerar o barulho, o tumulto do mundo. Que tipo de realização é esta? Em lugar de se tornar mais capaz, mais integrado, você ter- se-à desintegrado, terá enfraquecido. Você não ganhou força. ... Autoconhecimento é um conceito muito estranho, e você precisa compreendê-lo, porque este é todo o trabalho de um Sufi: como conhecer a si mesmo... Autoconhecimento é um tipo de conhecer, mas não de conhecimento. É um tipo de consciência, luminosidade, mas não conhecimento. ...

Hassan costumava orar todos os dias diante do mosteiro, sentando-se na rua. E ele chorava em prantos, olhava para o céu e dizia: ‘Deus, abra a porta! Eu tenho esperado há tanto tempo. Não foi o suficiente? Terei eu que passar por mais testes? Você ainda não me testou o suficiente? Abra a porta! Eu estou chorando. Eu estou em prantos. Eu estou gritando - abra a porta!’Esta era a sua constante prece, toda manhã e toda tarde. Onde quer que estivesse, ele ia ao mosteiro, sentava-se na rua e orava.

Rabia um dia ia de passagem. Ela bateu na cabeça do Hassan e disse, “Que tolice você está falando? A porta está aberta! Mas você está tão absorvido em seus gritos ‘Abra a porta! Escute-me, Senhor. Por que você não abre a porta’? Você está tão ocupado com essas tolices, que você não consegue ver que a porta está aberta. Ela sempre esteve aberta”.

Eu concordo com Rabia... Tudo está disponível. Você não precisa lutar. Você nem mesmo precisa de se entregar. Porque a entrega é a polaridade oposta à luta. Você tem apenas que estar no meio. Tem que estar no estado de não-fazer, nem lutar e nem se entregar. E de repente você será capaz de ver que a porta está aberta. Você nunca foi a nenhum outro lugar. Você sempre esteve aqui. Onde mais você poderia ir? Estar dentro é a sua natureza. E então tudo é revelado como um relâmpago. De repente a escuridão desaparece e tudo é luz...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

7º Aniversário do Coral «As Atabuas»


É em 24 de Outubro (Sábado) que a partir das 16h, o Coral Feminino «As Atabuas» festeja o seu 7º Aniversário.


Vai haver desfile de grupos corais e à volta do grupo, decerto, muito carinho ,muita amizade.


Neste dia de Festa vão desfilar pelas ruas da Aldeia ( 16:00 horas ) e depois no espectáculo a decorrer no Centro de Convívio ( 16:30 horas ), além das «Atabuas», O Grupo Coral e Etnográfico “As Ceifeiras” de Entradas e o Rancho Etnográfico de Vila Nova de S. Bento.


Depois no encerramento da festa haverá um Baile ( 21:30 horas ) com o Duo M&M.
Ao grupo desejamos as maiores felicidades e que continuem a cantar o nosso Alentejo, por muitos anos e bons.

Feira de Castro Verde (1º e 2º dias)


Já aqui tínhamos feito referência à recente Feira de Castro Verde, sempre no mês de Outubro de cada ano e, ao que parece, cada vez mais concorrida e animada. Este ano, no seu 1º dia, a RTP1 resolveu dar cobertura ao acontecimento, num registo iniciado pela manhã e que se estendeu pela tarde. O nosso amigo Zé Júlio, obreiro do Blog Casa das Primas, mais uma vez não deixou passar em branco este acontecimento, que poderá ver descrito e documentado em detalhe, como poderá ver no Blog que se segue:
http://casa-das-primas.blogspot.com/

Ainda segundo o Blog acima, decorreu de uma forma muito concorrida e animada o desfile do Rafeiro Alentejano, no 2º dia da Feira, como o comprovam os Vídeos que se seguem:
http://www.youtube.com/watch?v=RB689qVzqqE&feature

http://www.youtube.com/watch?
(Neste último os Rafeiros foram precedidos pelos «Cavaleiros da Confraria de S. Pedro»)

E a «animação de Rua» também não parou nos dois dias de festa desta Feira, como se pode comprovar abaixo:
http://www.youtube.com/watch?

http://www.youtube.com/watch?

http://www.youtube.com/watch?

Mas o 1º dia, esse foi o tal do Desfile e do Cante Alentejano dos vários Grupos Corais convidados e já anteriormente referidos - ora veja de seguida:
http://www.youtube.com/watch? - «Camponesas de Castro Verde» em «Lindo Amor eu vou p´ra Guerra»

http://www.youtube.com/watch? - «Ceifeiras de Entradas»

http://www.youtube.com/watch? - Os «Cardadores da Sete» em «Ouvi uma Voz entoada»

http://www.youtube.com/watch? - «As Atabuas de S. Marcos» em «Vai colher a Silva»

http://www.youtube.com/watch? - «O Sobreiro» da Baixa da Banheira em «Passarinho Prisioneiro»

http://www.youtube.com/watch? - «Casa do Povo de Serpa» em «Eu ouvi o Passarinho»

http://www.youtube.com/watch? - «Os Trabalhadores do Montoito» em «Lindo amor dá-me um beijinho»

http://www.youtube.com/watch? - «Ateneu Mourense» em «Ó Vizinha dê cá Lume»

http://www.youtube.com/watch? - «Ausentes de Palmela» em «Tenho-te dito mil vezes»

E ainda em Palco montado na Praça da Liberdade:
http://www.youtube.com/watch? - «Ateneu Mourense» em «Ao romper da bela aurora sai o Pastor da Choupana»

E para finalizar, uma «amostra» do Cante Baldão, aqui na voz do Cantador homenageado «Florêncio Jacinto»:
http://www.youtube.com/watch?

Parabéns ao amigo Zé por esta bela recolha que aqui fica, com a sua permissão. Obrigado.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Encerramento dos IX Jogos Florais da Associação Alma Alentejana


É no próximo dia 25 de Outubro (Domingo), que a partir das 15,30h se realizará no Auditório Lopes Graça, no Fórum Romeu Correia em Almada, o encerramento dos IX Jogos Florais da Associação Alma Alentejana, sediada em Almada.

A cerimónia de entrega de Prémios aos vencedores nas 3 categorias contempladas (ver extracto do Regulamento a seguir), terá a presença do «Patrono», Sr. José Manuel Maia e será composta de uma «animação musical», com a presença de vários «artistas», com destaque para as «Cantadeiras da Alma Alentejana» com a colaboração especial da Poetisa Rosa Dias.

Veja de seguida, um extracto do «Regulamento», que poderá ver mais em detalhe nos Links (ligações) mais abaixo apresentadas:

«Regulamento» (Extracto):

1 - Os IX Jogos Florais da Alma Alentejana são abertos a todos os interessados, associados ou não, tendo como objectivo homenagear personalidades alentejanas importantes da vida cultural portuguesa.

Este ano e como reconhecimento pela sua importante acção sócio cultural e solidária que ao longo dos anos como Presidente da Assembleia Municipal de Almada tem tido para com os muitos alentejanos e descendentes residentes em Almada, decidimos homenagear José Manuel Maia de Almeida, insigne democrata, humanista e defensor de nobres causas, que estará presente na cerimónia de entrega de prémios.

2 - Estes Jogos compreendem 3 categorias de obras originais:

a) Quadra - tema livre

b) Poesia - tema livre

c) Conto - temática relacionada com o poder autárquico e os 35 anos de democracia que o 25 de Abril nos proporcionou.


Consulte abaixo outros detalhes desta Associação.


http://www.almaalentejana.pt/almaobjectivos.html - site da Associação Alma Alentejana


Revista Cultural n.º 22 - LEIA JÁ


Convite dos Poetas Almadenses


Sábado, dia 24 de Outubro: mais uma sessão mensal de Poesia Vadia.



Este mais um Convite recebido, para um convívio de Poesia Vadia, aberto a todos e relaizada no Café Lebistro em Almada (Rua Capitão Leitão).

Para mais detalhes, consultar o Blog abaixo indicado:


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Alqueva - Voos altos para a pista de ultraleves do Grande Lago



A região do Grande Lago de Alqueva já inaugurou uma pista para aviões ultraleves situada junto à localidade de Campinho, no concelho de Reguengos de Monsaraz, Évora.

A pista, em terra batida, já foi certificada pelo Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC) e resulta de uma iniciativa da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz e da Junta de Freguesia de Campinho.

Com 400 metros de comprimento por 15 metros de largura, o Campo de Voo de Campinho, junto à localidade do mesmo nome, nas imediações da albufeira de Alqueva, vai poder ser utilizado por aviões ultraleves, paramotores e autogiros, assim como para actividades de aeromodelismo.

«Esta pista de utilidade pública cumpre todas as normas de segurança em vigor e existe um protocolo com os bombeiros voluntários que viabiliza a permanência no local de uma viatura de intervenção rápida de primeiros socorros», disse o vice-presidente do município, José Calixto.

O autarca, eleito para presidir à câmara municipal no próximo mandato, destacou ainda a importância desta infra-estrutura, em termos turísticos, para o concelho e para a própria região de Alqueva.

«A pista poderá trazer benefícios a nível turístico, pois, é a única infra-estrutura deste género legalizada junto ao Grande Lago e possibilita a realização de passeios aéreos na magnífica paisagem da albufeira, encontros de aviadores de várias modalidades e festivais aéreos e cursos na categoria de ultraleves», enumerou.

O presidente do Pólo de Desenvolvimento Turístico de Alqueva, Francisco Chalaça, sustentou que o Campo de Voo enriquece a panóplia de actividades turísticas que o Grande Lago veio possibilitar.

«Qualquer infra-estrutura como esta, além de ser ela própria um atractivo para a actividade turística, facilita a mobilidade no território e é útil para o desenvolvimento do turismo», disse.

Francisco Chalaça sublinhou ainda que «o que diferencia este destino turístico é, precisamente, a albufeira, pelo que, além dos atractivos já existentes, como as actividades náuticas, é importante esta nova aposta, que «facilita os passeios aéreos sobre a albufeira».

Ao longo do fim-de-semana, realizam-se várias actividades, como demonstrações de aeromodelismo e exibições de paramotores, com passagem pela vila medieval de Monsaraz e pela Aldeia da Luz.

Os espectadores poderão ainda fazer baptismos de voo em ultraleves e assistir a exibições do CriCri, o mais pequeno bimotor do mundo e ultraleve da classe, de um planador, que vai descolar do Aeródromo Municipal de Évora e aterrar na pista do Campinho, e do RV, um avião experimental.




Palavras-chave: alqueva ; alentejo

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Recordando minha avó



Minhas Primeiras Lições

- Criar o que jamais veremos, eis a Poesia... –

Como ainda recordo, minha Avó,
o meu primeiro livro de leitura,
e as primeiras lições que recebi !
Mimoso, eterno legado
que me viera de Ti !
A mais saudosa lembrança,
do meu passado risonho
de criança !

No cantinho da cozinha,
uma aula improvisaste.
Ainda não estavas velhinha
como quando me deixaste !...
Tempos que não voltam mais !

No quintal a pardalada,
chilreava em ar de festa !
Vinha, de fora, o perfume
dos trigais e da giesta.
Ao que a vida se resume !...

Tinha meia dúzia de anos
(meia dúzia de brinquedos)
sentavas-me em tua frente
e sempre com gestos lêdos
afagavas docemente,
os meus lindos cabelos...

Abrias, sobre os joelhos,
a « Cartilha Maternal »
(um dos melhores evangelhos)

eu hesitava... depois,
ia rezando contigo minha Avó:
- « B e A – BÁ; B e O – BÓ...»

E com vontade, estudando,
fui aprendendo e sonhando
saber mais e muito mais...
pouco tempo decorrido,
«papagueava» a meus pais:
- « Este livro é do Luis...»

Era um «homem»... já sabia !
beijos, abraços... sei lá !...
Ai, como tudo se perde !

E até li, já no final,
essas páginas de luz,
que encerram o belo poema
desse poeta genial:
« Andava um dia,
em pequenino,
nos arredores da Nazaré,
o Deus Menino,
o Bom Jesus...»


Só o que nunca aprendi
(a «Cartilha» não rezava,
e Tu nunca mo disseste...)
É que houvesse gente escrava
de outra gente...
Nem sonhava, francamente,
que existissem vis tiranos,
senhores de um poder profundo,
que fazem correr no mundo,
rios de sangue entre os humanos !

Julgava que em todo o homem
( foi assim que me ensinaste )
existisse um São José
bondoso, sereno e franco,
que passeava o Menino,
à tarde, pelos arredores
da lendária Nazaré !
Poderia lá supôr
que a vida fosse um barranco
tão difícil de transpôr !...


Ai, nunca, nunca pensei
que a minha infância morria,
que o meu destino mudava,
e que para sempre Te perdia !
Que a minha vista cansava,
ceguinha de tanto ler,
numa existência perdida,
o livro falso da Vida,
sem nunca o compreender !

Ai, nunca, nunca pensava !...

E quanto mais prosseguia,
nesse cântico divino,
uma suave harmonia,
tão doce e estranha, invadia
o meu sentir de menino !
Tão real, que aos olhos meus,
surgiam os vastos Céus,
e Jesus, brincando, via !...

E não estranho, já se vê,
que se operasse a maravilha...
pois se até o próprio autor
da «Cartilha»
era... de Deus !...

E aquelas letrinhas de oiro,
de tão mágica sedução,
eram estrelas candentes
a oscilarem, perdidas,
no céu da minha ilusão !
E quando me disseste que «sabia»,
nova estrela raiou naquele dia !

Beijaste-me, então muito,
minha Avó,
cheia de orgulho e de afecto,
de com teu parco saber,
teres sido Tu a primeira
professora do teu neto.


E assim aprendi a ler !

Que bom que eu nunca crescesse,
que outro livro mais não lesse
que esse tesouro de infância !


Agora, desiludido,
sabendo que nada sei,
do mundo perdida a crença...
Sinto uma saudade imensa
dos meus sonhos a mil !
Daquela ingénua ignorância,
dos tempos em que era «rei»
do meu domínio infantil !

Ai como tudo se perde !

Como ainda recordo, minha Avó,
as primeiras lições que recebi !...


Mas a morte, que tudo arrebata,
Não arrebatará este meu canto !

Porque eu nunca o deixarei, minha Avó.




Falripas de meus Avós
Luis – 2001-03-27

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O RAFEIRO ALENTEJANO NA FEIRA DE CASTRO


O Rafeiro do Alentejo homenageado na Feira de Castro.
Presença habitual nas planícies alentejanas desde tempos imemoráveis, o Rafeiro do Alentejo vai ser homenageado durante a edição de 2009 da secular Feira de Castro.

A iniciativa pertence à Associação de Criadores do Rafeiro do Alentejo (ACRA), com a colaboração com a Câmara de Castro Verde, e vai ter lugar no dia 18 de Outubro, às 14h30, na Praça da República da vila.

O Rafeiro do Alentejo é uma raça de cão oriundo de Portugal. O Rafeiro do Alentejo é um cão de guarda, e o seu nome refere-se à sua área de origem, Alentejo, ao Sul de Portugal.

Aparência:
O Rafeiro é um cão grande, pesando em média 47.5 kg (104.5 lb) e medindo 73 cm (28.7 in). A sua cabeça é do tupo de um urso. Os seus olhos são escuros As suas orelhas são de tamanho médio e pendentes.

Temperamento:
Movimenta-se vagarosamente, com um ar majestoso e apresentando normalmente uma expressão calma.
Não é o tipo de cão recomendado para principiantes, requerendo um treino muito específico, por forma a se tornarem sociáveis.
São uns excelentes guardadores de gado, casa e família que sabem ter sob a sua protecção. Não são agressivos e protegem muito bem as crianças.
Historial:
O Rafeiro do Alentejo é oriundo da Ásia Central, desconhecendo-se a sua chegada à Península Ibérica. Hoje em dia o Rafeiro do Alentejo é usado especialmente como cão de guarda e de companhia.

Saúde:Não se registam problemas específicos ou anormais no Rafeiro do Alentejo.



Planície a Cantar em Castro Verde


PLANICIE A CANTAR, FEIRA DE CASTRO 2009, DESFILE DE GRUPOS CORAIS QUE VÃO PERPETUANDO A TRADIÇÃO DO CANTE ALENTEJANO, HOMENAGEANDO O HOMEM, A TERRA E O CANTE.

DIA 17 DE OUTUBRO, PELAS 16H


Tal como em anos anteriores, com excepção do ano passado, quando o desfile teve de ser interrompido devido à chuva, os corais partem da Rua D. Afonso em direcção à Praça da Liberdade, onde actuarão no palco-estrado, entoando as belas Modas Alentejanas, num desfile de homenagem à terra e ao trabalho.

Os Grupos Corais participantes neste ano são:

Ausentes do Alentejo (Palmela)

As Camponesas de Castro Verde

«As Ceifeiras» de Entradas

«Trabalhadores» de Montoito

»Os Cardadores» da Sete

Os «Amigos do Barreiro»

Coral Alentejano «O Sobreiro» (Baixa da Banheira)

Coral «Ateneu Mourense»

Coral da «Casa do Povo de Serpa»

Mineiros de Aljustrel

Vozes de Casével


A FEIRA DE CASTRO, nos próximos dias 17 e 18 de Outubro é ainda o lugar privilegiado para o cante ao baldão, a viola campaniça e o cante alentejano. Nos vários dias que durava a Feira cantava-se e tocava-se, a qualquer hora, nas tabernas da vila, nas tendas de comes e bebes, na corredoura e, quando a noite caía, nas esquinas e recantos da feira, onde se formavam ajuntamentos para ouvir os cantadores ou tocadores mais afamados pois muitos dos feirantes nem se deitavam para dormir. Estes lugares que o mundo rural alimentou eram o palco anual desta cultura e saberes populares.Mas se desapareceu o ambiente e os lugares que davam vida real a estas tão ricas e genuinamente populares expressões artisticas, não desapareceu a memória do povo e de muitos intérpretes e cultores que hoje, em novos lugares da Feira, felizmente as continuam a cultivar,


(in «Casa-das-Primas» e «MODA»)

O Meu Deus É Poeta !...



O meu Deus é poeta.
Porque o poeta é
o que melhor sabe
expressar em palavras,
os sentimentos mais profundos
e escondidos do mundo.

E o meu Deus se fez palavra.
Uma palavra tão clara,
tão sugestiva e tão nova,
que é a poesia.

Uma palavra que o mundo
esperava desde sempre.
Uma palavra que disse tudo.
Uma palavra que é inédita.
Uma palavra que assombra!

O meu Deus É uma poesia nova,
porque Cria o que canta.
Os outros poetas cantam o que sonham
o que amam, o que quiçá,
nunca acontecerá...


A poesia do meu Deus É um milagre:
«Anda, levanta-te!»:
é um verso de amanhecer,
mas um verso criador
porque a criança morta,
voltou à vida.

«Este é o meu corpo!»:
é um verso do entardecer,
mas desde então
Deus É do Mundo,
e O podemos comer.

«Os teus pecados serão perdoados!»:
é um verso no coração da noite,

mas desde então,
a neve aparece em todas as estações...

«Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso!»:
é um verso para além do tempo,

e desde então,
o infinito e o eterno,
correm pelo nosso sangue,
alimentando a nossa esperança.

O meu Deus é poeta
porque Sabe dizer as coisas
mais difíceis e mais assombrosas,
com a doce naturalidade
de uma criança.

O meu Deus é poeta
porque Sabe encher de luz
o mais sombrio.
Porque Sabe dar calor
ao mais frio.
Porque Sabe desenhar a esperança,
até no muro sujo da vergonha.

O meu Deus é poeta
porque Faz vibrar quando toca.
Porque Sabe fazer o milagre,
do que apenas merecia um verso:
até a miséria.

O meu Deus poeta recolheu,
em Seus olhos,
na Sua passagem pela terra,
toda a poesia...
escondida, nela, nas coisas e nos homens.
Por isso o Seu olhar,
está coberto de poesia.

Por isso não existe um verso,
que Ele não tenha escrito,
recitado ou sentido.
Até este !


E o meu Deus segue sendo,
a poesia eterna,
porque segue sendo,
a palavra sonora ou silenciosa.
Ele segue sendo
no coração dos homens,
O grande julgador da história.

O meu Deus segue sendo poeta
porque Nele não há mais que:
beleza, sensibilidade, ternura,
inteligência, profecia e paixão,
por tudo aquilo que Ele é.

Todo o poeta verdadeiro é de algum modo
um revolucionário,
porque escava, com arte,
no fundo das coisas
e as águas alvoroçam-se,
e gritam a sua sujidade escondida.

Por isso O meu Deus
É o verdadeiro revolucionário
da história.

Por isso a Sua poesia,
é sempre actual e viva.
Por isso os Seus versos,
são sempre um despertar,
um empurrão, um alarme.

É difícil O meu Deus poeta,
O meu Deus revolucionário,
O meu Deus sensível,
Para quantos pensam Nele
em termos matemáticos,
para quem não O concebe,
enamorado das coisas tangíveis,
para quem prefira um Deus mudo,
impenetrável, impassível.


Mas O meu Deus será sempre poeta,
poeta do infinito
e poeta da terra,

da minha terra,
da minha pobre terra,
da minha doce terra.

O meu Deus É sensível
a toda a vibração
de poesia viva,
de carne e sangue,
humana.

O meu Deus É a poesia
feita pessoa.


O meu Deus É a inspiração
de todo o ser vivo
a quem faz chegar
a cada instante,
essa palavra misteriosa
que o faz viver,
e que lhe recorda que
a vida não é absurda.

Por tudo isto...
- «O meu Deus É poeta!»




Falripas do Meu Deus – Volume 1

Luis –2002-11-07

Viola Campaniça no Auditório do Clube GBES



Vai o CLUBE GBES – Grupo Cultural e Desportivo dos Trabalhadores do Grupo Banco Espirito Santo levar a efeito no próximo dia 18 de Outubro (Domingo) às 16 horas um evento no nosso auditório, sito na Rua D. Luis I, nr. 27 em Santos – Lisboa (paralela com a Av. 24 de Julho), ao qual foi dado o título de


CONVERSAS COM MÚSICA
EM TORNO DA VIOLA CAMPANIÇA

Teremos connosco o jovem Pedro Mestre e o mestre Manuel Bento, ambos de Castro Verde, os quais irão fazer com que passemos uma bela tarde de música e conversa ouvindo os belos trinados da viola campaniça tão bem tocada por estes dois nossos convidados e amigos e também falando sobre ela, para o que desde já o convidamos e agradecemos faça a respectiva divulgação no seu “site”, para o que, em anexo, lhe enviamos a respectiva divulgação.

Aproveitamos para informar que a entrada é livre e poderá convidar os amigos e familiares que entender.

Os nossos agradecimentos em nome do CLUBE GBES.


José Esteves – CLUBE GBES
BANCO ESPÍRITO SANTO
LISBOA
Tef. 213136671 – TM 965867857
jfesteves@bes.pt / Ext. 212671

O Menino Feio



«Que belo é ser criança ... »

Era uma vez um menino que era destituído de qualquer traço de beleza física. Os seus olhos não tinham vida, eram tristes e baços. O seu cabelo sem graça era rebelde e sem brilho e o seu corpo franzino suportava uma cabeça desproporcionada. As suas pernas eram finas e os braços curtos. Para além disto o menino era triste também. As outras crianças olhavam-no com curiosidade e chamavam-lhe feio. Mas não eram só os pequeninos, os próprios adultos se divertiam com o seu aspecto. Inconscientes do mal que faziam, empurravam o menino a que chamavam feio para uma tristeza cada vez maior e onde não luzia uma ténue esperança. Este menino de que vos falo agora fora recolhido por caridade, e como a caridade se paga caro, o pobrezinho trabalhava para além das suas forças infantis. O pão que comia e a mão que lho dava, faziam-lhe esquecer constantemente a sua pouca idade. Caridade meus meninos, pode estar não na esmola que se dá mas no amor com que se dá. E a fome pode não ser mitigada com o alimento que se toma. Há outra espécie de fome, e mais intolerável, que aquela que reclama o alimento, e essa reside no coração. Deus vos afaste dela, meus queridos meninos, e que Ele proteja todos os inocentes, porque essa fome de que vos falo, ah, essa é terrível ! É a necessidade de amor e de ternura, é a ânsia duma dádiva fraternal de carinho, é o peso da solidão no meio de uma multidão.

Era desta fome que o menino sofria. Ele sentia a saudade de um beijo que nunca tivera e o desejo de uma ternura sem esperança. Nunca uma mão carinhosa lhe afagara o cabelo nem uns lábios doces lhe afloraram a face. E o menino, na calada da noite, imaginava que uma senhora linda e boa ali vinha e lhe sorria com ternura. Depois, cansado por um dia de trabalho, entrava no sono menos triste. E esperava sempre a noite com ansiedade, para, na solidão do seu cubículo, imaginar e sonhar. No dia seguinte, com os alvores da manhã, vinha a realidade, a vida, o trabalho, a troça, os olhares de dó, os risos abafados. E para ele, pequenino como vós, os dias eram sempre sem Sol, sem a esperança de um «amanhã» mais feliz.
Mas o menino dito feio, que era triste, mas também bom, nunca se zangava.
- «Coitados, pensava, eles não magoam por prazer, é só porque não sabem que as palavras também fazem doer ».

E que cicatrizes deixam por vezes, queridos amiguinhos ! São como marcas de fogo que nunca se apagam.

Um dia, o menino foi mandado a um lugar um pouco distante levar umas ordens do amo, a uns trabalhadores no campo. Era uma tarde de Primavera. Cheirava a urze e a alecrim. O céu muito azul lembrava o manto da Virgem da capelinha. O Sol dourava tudo e tornava mais verde as ervas dos campos e mais vivas as cores das flores. Um regato corria sussurrante lado a lado do caminho, por onde seguia o nosso menino que, livre e só, se sentia quase feliz. Saltitando nas suas débeis perninhas, ele sentia a brisa acariciar-lhe o cabelo e roçar-lhe a face. À sua frente, uma borboleta de asas coloridas esvoaçava em círculos pousando aqui e ali.
- Que linda – monologou ! E, sonhador, pôs-se a seguir com os olhos as suas evoluções. Como que atraída pelo murmúrio das águas, o insecto pousou numa pedra bem no meio da corrente. Fascinado pelas cores da borboleta irrequieta, o menino teve o impulso de a agarrar, mas, quando ia fazê-lo, uma outra mãozinha se lhe antecipou e delicadamente segurou-a entre os dedinhos cor de rosa. Do outro lado da margem estava um outro menino sorridente. Os olhares de ambos cruzaram-se e foi como se já se conhecessem.
Sorrindo sempre, o pequenino que agarrara a borboleta, estendeu-a ao outro, murmurando:
- Vem para aqui. Sei onde há outras borboletas mais lindas do que esta. Vem... E deu-lhe a mão num convite tentador. Brincaram felizes e despreocupados o resto da tarde. O menino feio esqueceu tudo: o recado, os homens que o esperavam, a tristeza que sempre o acompanhava e até a sua fealdade. O Sol estava muito baixo, mas os seus raios ainda incidiam sobre as águas do regatozinho. Cansado mas feliz, o menino sentou-se na relva perfumada e olhando o seu companheiro, admirou-lhe os caracóis louros, a face risonha, os olhos doces. Era um lindo, lindo menino ! Depois, reparou que à sua volta havia uma grande luz. Rodeava-lhe a cabeça loirinha, uma auréola brilhante como a dos santos ou a do Menino Jesus. De toda a figurinha gentil emanava uma claridade como se o menino loiro fosse todo feito de raios de Sol.
- ... Tu tens luz – balbuciou...
- E tu também – respondeu a criança, sorrindo docemente.
Surpreendido, o menino aproximou-se das águas frescas que continuavam a correr e, inclinando a cabeça para nelas se mirar, verificou que, qual espelho brilhante, elas reflectiam a imagem de um menino lindo como ainda não tinha visto outro.

Acabava aqui a história do menino triste e feio que se transformou em luz e beleza. Depois foi sempre feliz e alegre por um milagre misericordioso de Deus. Compreenderam ?


Luis – 2001-02-18

Pode Ter Sido Assim...



« E as trevas cobriram toda a Terra até à hora nona »
( Mateus, XXVII, 45-47 )


Ia alto o sol do meio-dia . Haviam chegado ao monte da Caveira, o Calvário, o Gólgata , em forma de um crânio . Estavam agora na colina da Imolação. Eram três os ladrões . Dois gostavam de surripiar coisas alheias. O Outro furtava almas de seu alheamento obtuso. Era Jesus.

O céu estava carregado, a terra, como em todos os arredores de Jerusalém, seca e sombria. Segundo certas narrações, desfaleceu-lhe o coração por um momento, uma nuvem ocultou-lhe a face de Seu Pai, teve uma agonia de desesperação mil vezes mais pungente do que todos os tormentos. Não viu mais do que a ingratidão dos homens, e arrependen-
do-se, talvez, de sofrer por uma raça vil, exclamou: « Meu Deus, meu Deus, porque me desamparaste ?».

Mas o seu instinto divino triunfou ainda. Ao passo que se extinguia a vida do corpo, tranquiliza-se a alma e voltava pouco a pouco à sua celeste origem. Recobrou o sentimento da sua missão, viu na sua morte a salvação do mundo, perdeu de vista o espectáculo hediondo que se desenrolava a seus pés, profundamente unido a seu Pai, começou sobre a cruz a vida divina que ia passar no coração da humanidade por séculos infinitos.

A atrocidade particular do suplício da cruz estava em se poder viver três ou quatro dias naquele horrível estado sob o escabelo da dor. A hemorragia das mãos suspendia-se depressa e não era mortal. A verdadeira causa da morte era a posição contra natural do corpo, de que provinha horrível perturbação na circulação, dores insuportáveis no coração e na cabeça, e enfim a rigidez dos membros. Os crucificados de compleição robusta não morriam senão de fome. A ideia mãe daquele cruel suplício não era matar directamente o condenado por lesões determinadas, mas expor o escravo,

cravado pelas mãos de que não soubera fazer uso, e deixá-lo apodrecer sobre o lenho.

A constituição delicada de Jesus livrou-O dessa lenta agonia. Tudo leva a crer que da ruptura instantânea de um vaso do coração, lhe resultou, ao cabo de três horas, a morte súbita. Alguns momentos antes de expirar tinha ainda a voz forte. De repente soltou um grito terrível, em que uns ouviram:«Meu Pai, entrego nas tuas mãos o meu espírito !» e que outros, mais preocupados com o cumprimento das profecias, traduziram por estas palavras : « Tudo está consumado !». Pendeu a cabeça sobre o peito e expirou.

Uma antiga lei judaica proibia que se deixasse um cadáver suspenso na cruz depois do pôr do Sol.
Se o corpo crucificado resistia, o carrasco olhava para o Sol a medi- lo e se este tombava apressado rumo ao fim de tarde, também se apressava a ultimar a morte do supliciado. Acresciam novos tormentos. Era o crurifragium, o quebramento das pernas...

Uma forte maceta de ferro era descarregada nas articulações, até por vezes nos peitos... para se cumprir a lei. E a morte surgia rápida e triunfal ! Assim, se Jesus, o Crucificado, não houvera expirado fulminantemente nas três horas, valendo por séculos, a maceta cumpridora teria funcionado para esmigalhar os ossos moribundos.

Mas Cristo era morto. Um soldado disciplinado para a lei do pôr do Sol, alça a lança e dando um grande golpe num dos lados, fura-lhe a arca do peito imóvel para se certificar...

Sim, estava morto !

Aquele Jesus anónimo não transgredira o código e não lhe dera tantos trabalhos como outro corpos na agonia...

E pousou a lança enquanto com pasmo via que da ferida saía... sangue e água !



Luis - 2000-10-25

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Retrato e Despedida de Mãe



- Mãe !

Passa a tua mão pela
minha cabeça !
Quando passas a tua mão na
minha cabeça é tudo tão verdade ! -
José de Almada Negreiros



Retrato...
Uma simples mulher existe que, pela imensidão do seu amor, tem um pouco de Deus; e pela constância da sua dedicação, tem muito de Anjo; que, sendo moça, pensa como uma anciã, e, sendo velha, age como as forças todas da juventude.
Quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda os segredos da vida e, quando sábia, assume a simplicidade das crianças.
Pobre, sabe enriquecer- se com a felicidade dos que ama, e, rica, empobrecer-se para que o seu coração não sangre ferido pelos ingratos.
Forte, entretanto, estremece ao choro de uma criancinha, e, fraca, entretanto, alteia-se com a bravura dos leões.
Viva, não lhe sabemos dar valor porque à sua sombra todas as dores se apagam, e, morta, tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vê-la de novo e dela receber um aperto de seus braços, um afago das suas mãos na nossa cabeça, uma palavra dos seus lábios...

Não exijam de mim que diga o nome dessa mulher, se não quiserem que ensope de lágrimas estas linhas; porque eu a vi passar no meu caminho... ainda que muito brevemente...
Quando crescerem vossos filhos, leiam para eles esta página; eles lhes cobrirão de beijos a fronte; e dirão que um pobre viandante, em troca de sumptuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato e a despedida de sua própria Mãe...

Despedida...

« Na hora da morte dedico aos meus filhos...»

Deixo a vida uma criança
na flor da minha idade.
Deixo cá muitas amigas
e três filhos na orfandade.

Eu mostro sempre alegria
e boa disposição.
Mas levo muita tristeza
dentro do meu coração.

Eu levo comigo gestante
os meus queridos filhinhos,
pois bem cedo eles ficam
da Mãe sem ter carinhos.

Sei que eles ficam bem
há outros que ficam mais mal,
mas levo muito desgosto
de não os poder criar.

Aceito a morte bem
pois acabo de sofrer,
mas os meus filhinhos
nunca mais os torno a ver.

Há três anos que estou doente
na esperança de melhorar,
para eu poder um dia
os meus filhinhos abraçar.

Mas Deus achou demais
para mim essa alegria,
e sem me despedir deles
vou para a terra fria...


Carolina Monteiro (Ano 1949)


Falripas de Minha Mãe – Volume 2
Luis – 2001-03-28

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Cantadeiras da Alma Alentejana na Celebração do Mês do Idoso em Almada




Hino do Idoso


Graças meu Deus


por me teres ajudado


Graças meu Deus


por tudo o que me tens dado







Tenho o prazer


do mundo ter contemplado


e Vos dizer


muito obrigado !...


(Do Reportório das Cantadeiras)





Numa actividade cultural organizada pelo Sub-Grupo Animação (GCIA - Grupo Concelhio de Idosos de Almada), integrada na celebração do «Mês do Idoso», vai realizar-se no próximo dia 8 de Outubro (Quinta Feira) a partir das 14,30h na Incrível Almadense, um «Encontro de Coros», onde, entre outros Grupos Corais e Musicais de Almada, irão estar presentes «As Cantadeiras da Alma Alentejana».





Registe-se entretanto, que este mesmo Grupo Coral Alentejano, esteve presente recentemente, no passado dia 1 de Outubro nas instalações da «Casa de Repouso de Paço D'Arcos» (uma instituição particular de assistência a idosos, funcionando como centro de recuperação e residência permanente), na celebração do «Dia Internacional do Idoso».


Tão prestigioso convite foi devido ao facto de nesta Casa de Repouso uma grande parte dos seus utentes serem naturais do Alentejo.





Numa tarde bem animada de convívio são foram entoadas algumas das Modas tradicionais Alentejanas que fazem parte do Reportório das Cantadeiras, complementadas numa parte final por muitas outras do Cancioneiro Alentejano, estas a pedido dos utentes e das mais conhecidas, entoadas em conjunto por todos, com destaque para o «Hino do Idoso» acima referido.

Buscarmos...


Buscarmos...

Termos a cada instante, a confiança de que poderemos superar as adversidades. Acordarmos todos os dias, vendo que as alegrias e tristezas são apenas momentos e que assim, devemos viver intensamente, buscando pelo progresso espiritual. Desenharmos na mente pensamentos positivos e eles passarem a direcionar os nossos passos. Derramarmos lágrimas nos momentos de fragilidade, mas acima de tudo, buscarmos compreender o momento de enxugá-las e prosseguirmos - afinal a vida não pára.

Devemos confiar na luz que ilumina o caminho à nossa frente e passo a passo, caminharmos; muito há ainda a ser feito e o progresso espera por nós. Alimentarmos a esperança em nosso íntimo; só assim, seremos capazes de realmente, acreditarmos que alcançaremos a salvação. Abandonarmos a bagagem que não serve mais e, com isso, criarmos espaço para que a renovação se realize.

Seguirmos confiantes pelas tormentas, porque com a acesa, seremos como uma embarcação que vence todas as adversidades que surgem em seu trajeto, resistindo às tempestades. Abraçarmos o Evangelho, mas também, compreendermos, que se torna necessário, colocá-lo em prática.

Termos a certeza de que somos capazes e de que em nenhum momento, nos faltará o amparo divino. Trabalharmos minuto a minuto pela nossa elevação, entendendo que a subida é gradual, mas que chegaremos ao topo. Encararmos os medos e descobrirmos que, na verdade, muitos deles só existiam em nossa mente. Usarmos as ferramentas que já estão em nosso íntimo e portas se abrirão e veremos como já podemos transpô-las.

Buscarmos pela comunhão com o bem e, assim, dessa sintonia, nascerá o equilíbrio que tanto almejamos. Compartilharmos bons sentimentos por onde andarmos, porque estaremos construindo um uma cúpula de proteção ao nosso redor. Renovarmos as nossas forças, nos sintonizando com o Alto e percebendo o quanto podemos realizar.

Buscarmos pela fraternidade, fazendo sempre a nossa parte para que ela nunca desapareça. Buscarmos pela cura dos males da alma, compreendendo que a fé é o remédio que liberta nosso Espírito das teias do mal. Desvencilharmo-nos do desânimo e sintonizarmo-nos com a espiritualidade maior, que está ao nosso lado e certamente seremos inspirados a trilhar um caminho de renovação.

A cada noite, reflectirmos sobre os atos praticados e compreendermos como se encontra o nosso íntimo, só assim, poderemos purificar os nossos passos. Não julgarmos o outro, porque cada um de nós encontra-se em um estado de evolução e muitas vezes, aquele que nos ofende, que trai nossa confiança, que fere nosso íntimo e espalha a mágoa em nosso coração, esse, na verdade, carece de nosso auxílio.

Buscarmos após cada queda, levantarmo-nos mais confiantes e com determinação, prosseguirmos, levando conosco mais um aprendizagem que muito nos ajudará.

Buscarmos pela prece nos momentos de angústia e veremos como conseguiremos alcançar a serenidade para jamais pensarmos em desistir. Combatermos o desespero, lembrando-nos dos ensinamentos do Mestre.

Não ficarmos parados no meio do caminho, a evolução é nosso destino, e só a atingiremos se continuarmos a nossa jornada espiritual.

Buscarmos pelo Pai e compreendermos que... Ele habita em nós !.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Alentejo e Algarve - Potenciar os recursos silvestres




Os Cogumelos silvestres que nascem espontaneamente no Alentejo e Serra algarvia são apenas um dos muitos recursos que vão ser potenciados através de um consórcio que vai, ainda, fomentar o turismo no território. O projecto, resultado de uma candidatura ao PROVERE, junta na região 97 parceiros. Na mira está a criação de 523 postos de trabalho.


A Coordenadora do Gabinete de Extensão Rural e Ambiente, Marta Cortegano, da Associação de Defesa do Património de Mértola, um dos parceiros do projecto, explica como vão ser aproveitados e transformados o medronho, o mel, as ervas aromáticas do Alentejo e Serra Algarvia.


O Site «Café Portugal» foi recolher detalhes junto dos técnicos respectivos, como se segue:
Café Portugal - Os recursos silvestres do Alentejo e Serra algarvia vão ser potenciados através do vosso projecto que reúne 97 parceiros. Como se atinge uma tal participação?Marta Cortegano - O projecto que envolve o Centro de Excelência para a Valorização dos Recursos Silvestres Mediterrânicos (CERMED) surge de um trabalho que já estava a ser desenvolvido na região. Com o aparecimento das estratégias de eficiência colectiva começámos a identificar uma oportunidade para irmos um pouco mais longe, uma vez que já estava identificado e inventariado, por exemplo, o território e a percepção da sua capacidade para suportar os recursos silvestres. Juntaram-se aos actores iniciais do projecto outros parceiros privados e públicos, associações de desenvolvimento local e entidades de investigação de maneira a concertar uma estratégia para o território, baseada nessa valorização dos recursos silvestres.


C.P.- Após essa avaliação e junção de parceiros o projecto culmina então na criação do Centro de Excelência para a Valorização dos Recursos Silvestres Mediterrânicos (CERMED). Pode-nos explicar?


M.C.- Dentro da concepção daquilo que são os “PROVERES”, estratégias de eficiência colectiva, tem que existir um projecto âncora que, depois, será capaz de alavancar um conjunto de investimentos na região. A produção, transformação e a comercialização deste tipo de recursos do território apresentava muitas carências. É necessária uma infra-estrutura de apoio no fomento que referi. Nasce, então, a ideia de criar o CERMED. O centro vai ser a entidade que irá trabalhar ao nível da investigação na obtenção de produção, conservação e transformação deste tipo de recursos e, por sua vez, fazer a transferência de conhecimento para quem quiser usufruir destes conhecimentos a nível da investigação que muitas vezes não chegam até ao produtor. Pretendemos dar apoio na formação, apoio ao associativismo e implementar uma componente muito importante: a concentração da oferta. Existem iniciativas muito interessantes mas isoladas, sem capacidade para chegar a mercados externos. No fundo o CERMED vem colmatar todas aquelas lacunas que existem e poderiam bloquear a estratégia arquitectada.


C.P.- Há uma estimativa do número de produtores que usam esses recursos actualmente?


A.C.- Não há um número certo dos produtores, uma vez que o projecto envolve toda a fileira, desde a produção, a transformação e comercialização. Dentro desta estratégia estão previstos 140 projectos num total de 97 parceiros que fazem parte desta rede. Assim que este consórcio foi aprovado várias outras entidades vieram ter connosco e mostraram vontade de fazer parte do projecto. Esta iniciativa tem como objectivo incentivar produtores, e não só, a juntarem-se ao processo.


C.P.- Os recursos endógenos que serão trabalhados pelo projecto passam, entre outros, pelo medronho, mel, cogumelos. De que forma pretendem potenciar estes produtos?


M.C.- Estamos a falar daqueles produtos que já tem algum aproveitamento aqui na região e com um potencial mas que não têm sido muito utilizados. Posso citar, como exemplo, os cogumelos silvestres (tentamos também incentivar a sua produção), as plantas aromáticas e medicinais e todas as suas transformações (seja para obtenção de sais, condimentos, óleos essenciais); a questão do medronho e a sua utilização enquanto fruto na aguardente, mas também outras possíveis utilizações na doçaria e floricultura. Estamos a falar daqueles recursos silvestres que existem espontaneamente e que, por isso, têm um potencial elevado, até mesmo para serem produzidos.


C.P.- Em relação à concretização do projecto, já há uma previsão para a construção do centro e do número de postos de trabalho criados?


M.C.- O centro terá sede em Almodôvar e provavelmente daqui a um ano já estará a funcionar. Engloba vários concelhos do interior do Alentejo e da serra Algarvia. O projecto é composto pela componente de investigação, produção, formação e prestação de serviços. Vai permitir a criação de 323 postos de trabalho e manutenção de 200 postos, um total de 523 pessoas envolvidas. Mais de 50% dos postos de trabalho criados serão para mulheres, com idades entre os 25 e 40 anos.


C.P.- A utilização dos recursos silvestres para a transformação e comercialização poderá criar um nicho de mercado turístico? Existem projectos na rede ligados à área do turismo?


M.C.- Temos, de facto, vários projectos ligados à questão do turismo com a componente transversal, ou seja, o turismo e a gastronomia estão muitas vezes ligados a esse tipo de recursos. Poderá originar produtos gourmet e de qualidade. É também fomentado o modo de produção biológico. As pessoas vão muitas vezes aos territórios rurais à procura desse tipo de produtos. Neste sentido fazem parte da estratégia uma série de projectos relacionados com o turismo, apesar de darmos sempre preferência quando há, de facto, esse cruzamento directo entre actividades e animação. Há um total de 36 projectos na área do turismo.


Nota: para mais informações sobre o Alentejo, ora faça clique aqui: alentejo