quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A Visão da Minha Neta Ana Carolina



« Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos tornará livres »
Jesus
Eu tenho uma linda netinha que é um verdadeiro amor. Cabelos claros, tem uns olhos às vezes verdes, outras azuis ou cor de avelã, sob umas pestanas ainda ténues, com indícios de virem a fazer uma grande curva, a tocar as sobrancelhas.
Ana Carolina é um bebé ainda, mas gosta de todos os animais sejam eles periquitos, rolas, cocós, gatos, cães ou coelhos. Como ainda não sabe falar, quando vê qualquer um destes bichinhos ri muito, estende os bracitos e fecha e abre as mãos pequeninas e gorduchas num «dá-dá» de chamamento. Quando descobre os passarinhos em evolução no céu azul, a sua cabecita parece um pião rodando de um lado para o outro, seguindo curiosa o seu esvoaçar.
Eu adoro esta minha netinha que é o «ai Jesus» dos pais, dos avós, dos primos e dos tios e, se é vaidade, Deus certamente me perdoará, porque este meu sentimento é feito de amor e de ternura.
Quando a Ana Carolina chora dos dentinhos é uma aflição lá em casa; toda a gente rodeia a pequenina desejando tomar para si uma parte das suas dores. Esta é a minha netinha; está apresentada a todos os que me lêem...
Ora um destes dias a pequenina fez um anito – o seu primeiro aniversário. Foi uma data importante, mas como ela ainda não tem amiguinhos, a sua festinha reuniu apenas os seus familiares. Eu estou certo, porém, que vieram muitos anjinhos do Céu brincar com ela enquanto dormia, porque ela sorria um riso aberto e feliz...
Mas agora vou contar-vos outra coisa de que guardareis segredo, e que só a bondade do Menino Jesus e sua Virgem Mãe permitiram que eu dele tivesse conhecimento. Mas eu vou contar...
A Ana Carolina acordou. Eu ouvi o seu palrar e entrei no quarto escurecido pelas persianas fechadas, e que escondiam a luz do Sol que lá fora banhava tudo. Pé ante pé entrei: queria receber em primeira mão o seu sorriso e o amplexo doce dos seus bracinhos roliços à volta do meu pescoço. Mas ai, a Ana Carolina estava muito atenta olhando para determinado local. Os seus olhos pareciam estrelas na noite escura. Brilhavam tanto, tanto. Depois eu vi-a a sorrir e intrigado olhei para o «tal» sítio que atraía a atenção da pequenina. A princípio nada vi, mas depois, pouco a pouco, comecei a vislumbrar uma claridade muito ténue que se me afigurava, aumentava de momento a momento. Por fim era já uma luz bastante intensa, e na luz – Deus seja louvado – uma sombra muito esbatida, mas com certeza uma forma humana.
Apurei os olhos e concentrei toda a atenção na luz e na forma. Subtilmente delineou-se um delicado vulto, depois começaram a surgir umas feições suaves e tão suaves e tão lindas... Depois..., depois uma sinfonia azul e branca envolveu todo o vulto que era já a visão clara e luminosa de formosíssima senhora. Nos pés calçava umas sandálias brancas com uma tira apenas, que deixavam ver uns pés pequeninos e delicados. Um vestido branco, um manto azul céu celestial, um rosto indescritível - tão belo era – e bem no meio desse rosto inolvidável, um sorriso que era... a própria ternura !
A Senhora olhava a Ana Carolina e suavemente abençoou-a !
A custo desviei os olhos da visão de luz e olhei a minha pequenina netinha, que, como eu, estava olhando extasiada e sorrindo também, e vi que toda a sua figurinha emanava uma luz um pouco esmaecida e que seria talvez o reflexo daquela Luz maior que espargia como raios de Sol da figura da Senhora.
Depois, lentamente, a luz foi desaparecendo e a miragem brilhante começou a diluir-se até restar, só por algum tempo, uma claridadezinha que acabou por se confundir com o escuro do quarto
Seria sonho ? Teria eu apenas adormecido ? Seria apenas uma ilusão ou uma alteração emocional ?
Neste momento olhei a pequenina Ana Carolina que começou a chorar de mansinho, elevando a voz a pouco e pouco como num crescendo musical e a reclamar qualquer coisa que não estava mais no quarto, estendendo os bracinhos para a sombra e onde eu vira a mais linda aparição que se pode imaginar ou sonhar...
Então, a Ana Carolina começou a chorar, mais e mais alto, até atrair a atenção de todos, que não podiam adivinhar o que queria a menina. Sucedeu isto, tal como acabo de vos contar, no dia do seu primeiro aniversário, 23 de Setembro do ano transacto, e de que só agora me atrevo a contar, a vós, o segredo que é da Senhora linda, da Ana Carolina e meu também.

Agora será também vosso, mas conto que sereis discretos e não contareis a mais ninguém o que terá sido talvez um sonho, o meu sonho mais lindo que algum dia sonhei...


Falripas das Minhas Netas – Volume 1
Luis - 2001-01-23

Entretanto, a Ana Carolina cresceu, cresceu, hoje já tem 10 aninhos e....e esse é um «segredo» de só vos virei a falar mais tarde...talvez um dia!

2 comentários:

  1. É muito interessante. Não é por acaso que existe um provérbio que diz:«ao menino e ao borracho põe Deus a mão debaixo»

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  2. Não é bem este o caso... Aqui estamos perante um «fenómeno» daqueles que nos transcendem, indo muito para além do limite da nossa compreensão dado que, o caso relatado foi real, tão real, que parecia ...um «sonho»!
    U abraço

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