sábado, 3 de abril de 2010

Caminhos...


Ela estava parada, olhando a estrada que se abria à sua frente. O nascer do sol estava a despontar por detrás do morro. Aquela manhã que estava raiando parecia uma pintura. E que bela pintura! Uma cena completa com cores, sons, cheiros... Cores diversas, que se entrelaçavam sons de vozes, crianças gritando, algazarra, conversas, alegria... Cheiro de café fresquinho, e também o perfume do jasmim que vinha do jardim...

Ela respirou fundo, inspirou aquele que era um instante mágico. Se fosse possível congelar aquele momento, ela poderia ser feliz para sempre, dentro daquela paisagem. De repente, ela acorda de seu devaneio, percebe que esteve a sonhar acordada, esboça um sorriso, ouve o som de buzinas, percebe que o sinal está aberto e segue em frente. Este pequeno transe é uma amostra do que acontece conosco algumas vezes ao dia, é o que se chama "sonhar acordado". Nossa mente abre espaço em meio à lufa-lufa diária e busca refrigério para nossa vida. Quão sábio é nosso cérebro! Porém, a cena pode ser diferente...
Ela estava parada, olhando a pilha de trabalho que a esperava. Seu chefe lhe cobrando prazos, aquele cliente chato acabara de chegar, e ela ainda tinha que sair para levar sua mãe ao médico hoje...
Ela repassa cada momento ruim que provavelmente vai acontecer no seu dia. Estes devaneios em meio ao nosso dia podem ser considerados um raio x de nosso inconsciente, ou de nosso padrão de comportamento. Aquele instante em que nosso pensamento correu solto, "sem travas", sem controle, nos diz muito a respeito de nós, pois quando estamos distraídos, com as defesas relaxadas, podemos mostrar um lado nosso que usualmente não percebemos. Estamos acostumados a ter conceitos, respostas prontas sobre nós e a vida, o que, muitas vezes, são racionalizações, proteções, couraças que utilizamos para mostrar a nós mesmos e aos outros aquilo que seria nosso eu ideal, que na maioria das vezes é diferente de nosso eu real.

Por que será que fazemos isto? A resposta só pode ser uma: é porque não aceitamos nosso eu real, este eu humano, muitas vezes falho, que é parte de nossa natureza humana também. Nossa natureza humana é imperfeita, mas busca a perfeição, e é na busca desta perfeição que tentamos "excluir" de nossa vida aqueles traços que desaprovamos. E assim, vamos nos distanciando de nós. E assim, vamos tentando ser Deus, querendo conduzir nossa vida da maneira que decidimos ser a melhor para nós. Sim, isto é bom, ir em direção ao nosso melhor, porém, temos que deixar um pouco dos acontecimentos para serem conduzidos por Deus, para assim, poder reconhecer nossa imperfeição e incompletude, enquanto humanos.

"A porta da alma se abre para dentro». Esta é a razão freqüente de não fazermos a nossa demonstração. Presumimos que ela se abra para fora e empurramos com todas as nossas forças, aparentemente indiferentes ao fato de que, na verdade, a estamos fechando com toda firmeza ao nosso próprio bem. Agir desse modo é, na realidade, empregar a força de vontade, que não é absolutamente tratamento algum, é simplesmente tentar vencer pelo esforço humano, deixando Deus de fora. A natureza humana é muito propensa a empurrar às cegas, quando amedrontada ou frustrada. É por este motivo que as portas de todos os teatros e edifícios públicos são obrigadas, por lei, a abrir para fora - porque esta é a direção natural do pânico. A oração, todavia, é essencialmente a recusa a se deixar levar pelo pânico ou pelo fluxo de coisas existente. Na oração, você deve se abstrair da imagem exterior, parar de pressionar contra os acontecimentos e perceber a Presença de Deus. «A porta da alma se abre para dentro». Emmet Fox


por Mirtes Carneiro - Psicanálise Transpessoal e PNL ao seu alcance!


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