quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Litoral Alentejano - Traçado de nova ferrovia ameaça sete mil sobreiros


Ambiente, turismo e qualidade de vida podem estar ameaçados no Litoral Alentejano com a construção da linha ferroviária entre Sines e Elvas para comboios de mercadorias. O traçado promete deixar um rasto pela negativa: retalha aldeias, arranca sete mil sobreiros, passa a 200 metros do novo hospital regional de Santiago do Cacém. Quatro municípios do Alentejo protestam junto do Ministério dos Transportes e Obras Públicas, sem obterem respostas. Estudos apontam alternativas viáveis com menos impacto nas populações.
Café Portugal | terça-feira, 15 de Dezembro de 2009

O traçado apresentado pela Rede Ferroviária Nacional (Refer) para o novo troço ferroviário de mercadorias de alta velocidade entre Sines e Elvas, arrisca abrir uma ferida de 180 quilómetros de comprimento e 400 metros de largura no turismo, ambiente e qualidade de vida das populações de diversos concelhos alentejanos de acordo com os autarcas locais. A obra é contestada pelos municípios de Santiago do Cacém, Grândola, Aljustrel e Beja, assim como pela Associação Pró-Montado, iniciativa dinamizada por proprietários rurais.

Uma das vozes do descontentamento é a do presidente da Câmara Municipal de Santiago de Cacém, Vítor Proença, «a Refer prevê para o troço entre Sines e Grândola uma linha diagonal que não olhou para as consequências que vai implicar. É um corredor que, ao entrar no concelho de Santiago, vai passar a 200 metros do novo hospital, vai destruir quintas históricas, quintas em classificação». Uma obra que de acordo com Vítor Proença coloca, inclusivamente, «em causa a área de reserva da Lagoa de Santo André e o jardim zoológico Badoca Park».
O mesmo responsável diz, ainda, que em consequência do futuro troço ferroviário serão abatidos «pelo menos sete mil sobreiros». O traçado da linha férrea percorre o segundo maior montado de sobro alentejano, com 148 mil hectares e muitas árvores centenárias.
O objectivo da nova linha férrea é reduzir de 22 para cerca de dez horas o tempo de transporte de mercadorias entre Sines e a capital espanhola, Madrid.
Os municípios já lançaram alternativas, mas a Refer recusa realizar um novo estudo enquanto não receber indicações do Ministério dos Transportes e Obras Públicas. Vítor Proença explica que a equipa do Instituto Superior Técnico (IST), liderada pelo professor Manuel Costa Lobo, está a definir o Plano Director Municipal de Santiago e analisou a questão da ferrovia.
O IST apresentou uma alternativa que «propõe aproveitar o ramal já existente das Ermidas», afirma o autarca. A proposta prevê a eliminação de curvas desse troço e a construção em terreno xistoso, ao contrário do arenoso previsto na obra da Refer.
Vítor Proença sublinha que «o IST alerta para a necessidade de «avaliar os custos associados ao que se perde do ponto de vista turístico, ambiental e urbanístico».
A Refer, segundo o autarca, argumenta que a proposta do IST vai tornar o percurso mais demorado em cerca «de 11 a 15 minutos».
Vítor Proença esclarece que irá correr uma petição para entregar na Assembleia da República. O autarca diz mesmo que «a população vai saltar para a rua se a Refer insistir nesta obra», orçada em 140 milhões de euros.
A intervenção tem inicio previsto para 2011 e conclusão em 2013.

Nota: para mais informações visite:
http://www.cafeportugal.net/pages/noticias_artigo.aspx?id=1464
http://www.cafeportugal.net/pages/pesquisa.aspx?tag=alentejo

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