segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O Mendigo Cego e o Mendigo Aleijado


Eram dois mendigos, um cego e o outro aleijado. Ambos viviam na floresta, fora da aldeia. Claro que eram rivais, eram inimigos –mendigar é um negócio.
Mas um dia houve um incêndio na floresta. O aleijado não tinha como escapar, porque não podia deslocar-se sozinho. Tinha olhos para ver por onde poderia escapar ao fogo, mas de que é que isso lhe serviria se não tinha pernas ?
O homem cego tinha pernas, conseguia mover-se rapidamente e escapar do fogo, mas como é que podia encontrar os lugares onde o fogo ainda não tinha chegado?
Ambos iriam morrer na floresta, queimados vivos. A emergência era tal que esqueceram a rivalidade. Livraram-se imediatamente do seu antagonismo – essa seria a única maneira de poderem vir a sobreviver.
O homem cego levantou o aleijado sobre os seus ombros e juntos encontraram o caminho para escaparem do fogo. Um estava a ver e o outro estava a deslocar-se, seguindo as indicações daquele que via.

Tem de acontecer consigo algo semelhante – mas, claro, na ordem inversa. A cabeça tem os olhos, o coração tem a coragem de se envolver em tudo. Você terá de fazer uma síntese entre os dois. E a síntese, é importante salientar – deve ser o coração a continuar a ser o senhor e a cabeça tornar-se o criado.
Como criado, tem ali um bem muito precioso –a sua razão.

Um homem consciente usa a cabeça como criado e o coração como senhor.

O coração tem todas as qualidades femininas: amor, beleza, graça.

A cabeça é bárbara.

Luis - 2004-10-18

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